A polémica dos manuais escolares
Muito se tem falado sobre manuais escolares. Muito se tem falado sobre a reportagem que a Alexandra Borges fez, na TVI, sobre o negócio obscuro, arriscaria dizer, dos manuais escolares.
O resultado desta reportagem? Professores indignados, com ideia de que a classe profissional foi denegrida. Penso ter visto a mesma reportagem que todos os professores, encarregados de educação, editores e restantes elementos que fazem parte do processo educativo. Uma reportagem onde a jornalista Alexandra Borges mostra o negócio que está por detrás da criação, venda e promoção de um simples manual escolar.
Falamos de ofertas às escolas, de materiais pedagógicos e tecnológicos para, de certa forma, pressionar professores e responsáveis de departamentos a adoptares determinado manual em detrimento de outro. Falamos, principalmente, de dois grupos editoriais (Porto Editora e Leya, que detêm grande quota de mercado) que praticam preços inconcebíveis na venda dos manuais escolares. Falamos de uma reportagem que tinha como objectivo mostrar o que se passa por "detrás" da venda de manuais e o que leva aos preços elevados que são praticados. Falamos de uma política de preços onde TODAS as editoras praticam o preço máximo por manual escolar.
Não se aponta o dedo a professores corruptos, que aceitam ofertas em troco de um manual, mas falamos na pressão que eles sofre, por parte das editoras, para escolherem "aquele" manual. Não falamos de uma peça jornalística comprada para favorecer uma editora em detrimento de outra, nem tão pouco de uma reportagem onde se toma partido de um dos lados da barricada.
Mas como o trabalho de um jornalista também é ouvir todos os interveniente, também os professores poderão dar voz àquilo que acharam menos correcto. Poderão denunciar corrupções e favorecimentos. Porque, tal como a jornalista Alexandra Borges diz no seu facebook, "Dentro de uma ou duas semanas MAIS NOVIDADES SURPREENDENTES porque há professores que querem limpar a imagem da classe denunciando os elementos podres que tiram partido desta promiscuidade."
Devemos continuar a denunciar irregularidades. Sejam elas na educação, na saúde, na economia ou noutro qualquer sector da sociedade. Porque o trabalho de um jornalista é informar, e foi isso que a Alexandra tentou fazer nesta reportagem.
Para quem não viu, aqui fica a primeira e segunda partes da reportagem e o debate que se seguiu na TVI 24.